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(Re)começar: Qualquer dia é um bom dia e uma nova oportunidade para recomeçar!
Dra. Sara Loios
3/20/20217 min read
“Recomeça…
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.”
Miguel Torga
O nosso destino desenrola-se de acordo com as escolhas que fazemos...
Reconheço que recomeçar é algo mais complexo do que possamos, muitas vezes, pensar. A forma como pensamos sobre os recomeços, a atribuição que fazemos à palavra recomeçar, a força que muitas vezes acreditamos ser necessária para recomeçarmos e não poucas vezes duvidamos de a ter, as conotações que lhe vamos atribuindo, a frustração associada à necessidade de mudança, o medo de sairmos da nossa zona de conforto, a dúvida se seremos capazes, são todas elas questões perfeitamente legítimas perante qualquer mudança que pretendamos iniciar.
A vida não é uma linha reta e os acontecimentos não estão predestinados. A imprevisibilidade é um fenómeno que acompanha a humanidade desde sempre. Por isso torna-se essencial aprendermos a lidar com os obstáculos diários, o stress, as frustrações, dando atenção às nossas emoções, dedicando tempo, escutando, aceitando-as. O que negligenciamos hoje pode originar fragilidades desnecessárias amanhã. E é nesta dinâmica de autocuidado que nos devemos focar, prestando atenção ao que estamos a sentir, no aqui, no agora. É este autocuidado emocional que vai permitir definir novos objetivos, ganhar consciência da necessidade de mudar e recomeçar.
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Toda a mudança interior duradoura requer tempo e esforço. A persistência é a fonte da mudança pessoal.
Ser perseverante é ter a capacidade de definir estratégias alternativas, tendo sempre presente o objetivo que definiu para si e que pretende alcançar. É ser persistente no objetivo, mas flexível no caminho a seguir para o atingir. Parece fácil e pode sê-lo. Mas para isso é preciso treino. É necessário sobretudo o autocuidado emocional que falávamos. Termos consciência de nós, das nossas necessidades mas também das nossas forças e dificuldades. Ter a maturidade de monitorizar constantemente o caminho, de forma a saber se as ações que colocamos em prática estão a ser eficientes e eficazes no processo para atingirmos o nosso objetivo.
ARTIGO DESENVOLVIDO PELA
Dra. Sara Loios
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Os recomeços exigem que deixemos algumas coisas para trás, que façamos escolhas mesmo que isso envolva deixar para trás algo que por vezes queremos muito, mas que é preciso deixar, desapegar, seguir em frente, caminhando na direção da nossa melhor versão. E este é um processo que envolve fatores como a maturidade, a perseverança e a resiliência. Construções diárias que exigem paciência, convicção em si, acreditar e ter fé que o amanhã será melhor se quisermos fazer dele um dia melhor.
Pessoas perseverantes ficam menos presas nas encruzilhadas das preocupações. São pessoas que têm pensamentos menos negativos e resolvem problemas de forma positiva e com criatividade. Focam-se no crescimento e não na estagnação, têm objetivos e sonhos, e estes funcionam como uma motivação, não havendo lugar para a ausência de esperança ou para o medo do fracasso.
Alguma vez ouviu o provérbio português que nos diz “Com paciência e perseverança, tudo se alcança”? Permita-se refletir um pouco sobre o significado deste provérbio.
E qualquer um de nós, qualquer um de vós, pode ter esta capacidade. Basta querer! Trata-se de uma capacidade que envolve treino para poder ser desenvolvida. E aqui, no espaço terapêutico, podemos, em conjunto, trabalhar nessa direção. Mas para começar, precisamos definir uma meta clara. Sem meta, não há ação. Sem propósito, sem perceber qual o objetivo do caminho, não há motivação. Quando colocamos uma meta no nosso horizonte pessoal, devemos estar preparados para gerir questões como o desânimo, a frustração, a ansiedade e o stress. O autocontrolo é, portanto, a chave para treinarmos a perseverança. A positividade, o sentimento de eficácia, a segurança em si próprio são ingredientes básicos para alcançar conquistas. E o segredo para alcançar a meta é não desistir. Recorde-se que pode, a qualquer momento, dar um passo para trás para traçar novos objetivos, ajustar o caminho, parar para refletir e ter novas perspetivas.
Aprenda a saber esperar: Não seja rígido e inflexível consigo e não exija o que não pode dar ou fazer. Aceite que é preciso tempo para se ajustar às novas rotinas, de forma a que a sua produtividade atinja os níveis habituais e o seu bem-estar fique restabelecido.
Talvez ajude se mudar a forma como pensa e olha para os obstáculos que possam surgir ao longo do caminho. O seu mundo exterior reflete o estado do seu mundo interior. Ao controlar os pensamentos e a maneira como reage aos acontecimentos, começa a controlar o seu destino. Saiba que todos os obstáculos oferecem um benefício equivalente, se as pessoas se derem ao trabalho de o procurar. Significa isto que independentemente do que possa acontecer na sua vida, a capacidade de escolher como vai reagir é apenas sua.
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Não existem erros na vida, apenas lições. Não existem experiências negativas, apenas oportunidades para crescer, aprender e avançar.
A maior parte das pessoas vive dentro dos limites da sua zona confortável. No entanto, a melhor coisa que podemos fazer por nós próprios é ir além dos nossos limites habituais. Permita-se refletir sobre os seus objetivos e como é que está a viver a sua vida, o seu dia-a-dia. Acima de tudo, permita-se pensar profunda e honestamente em como pode melhorar o dia seguinte, o amanhã. Os avanços conquistados diariamente produzem resultados duradouros que, por sua vez, conduzem à mudança positiva.
Permita-se aceitar e abraçar as suas vulnerabilidades!
É comum acontecer quando pensamos na palavra “vulnerabilidade”, imediatamente surjam na nossa mente palavras como “fragilidade” e “fraqueza”. Pensamos tratar-se de situações de risco, algo que deveríamos, a todo o custo, evitar. No entanto, a verdade é que é exatamente o contrário. Menosprezamos o poder e o impacto que o reconhecimento da nossa vulnerabilidade pode ter na nossa vida. O reconhecimento da nossa vulnerabilidade pode conduzir-nos a uma maior expressividade emocional e ajudar-nos a adaptarmo-nos de forma funcional a novas rotinas.
As pessoas que se permitem acolher a sua vulnerabilidade não têm receio de se expôr, de se expressar de forma genuína e sincera, de correr riscos. Sentem-se com maior capacidade de enfrentar dificuldades futuras, sobretudo porque se permitem confiar em si próprias.
![Vunerabilidade](https://assets.zyrosite.com/cdn-cgi/image/format=auto,w=459,h=336,fit=crop/YZ9MWPRzKlcMZ0ll/vulnerabilidade-YX42npzbpKu0oa2Z.jpg)
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Desenvolvem uma autoimagem de maior capacidade e força para lidar com futuras adversidades. São pessoas que admitem que é possível vir a estar sujeita a outras experiências negativas a qualquer momento e que está tudo bem com isso. Lidam com a imprevisibilidade e aceitam-na. Em suma, aceitam as suas imperfeições e ganham coragem para ter coragem!
E ter coragem significa conseguir fazer algo apesar do medo. E para aprender a superar o medo, é necessário reeducar a mente. Quanto mais tempo o cérebro tiver para criar desculpas para não ser corajoso, mais tempo o foco vai recair em resultados negativos. Saia da zona de conforto e aprenda a lidar com o inesperado, mas lembre-se: vá devagar. Comece pouco a pouco. Comece com atitudes que provoquem menos medo e exijam menos coragem. Conheça bem os seus limites. Há certas coisas que pode ainda não estar preparado para fazer e está tudo bem se for o caso.
Acredite em si! A coragem está diretamente relacionada com confiar e acreditar em si próprio. Lembre-se que por mais que a nova vida lhe traga desafios, tem em si uma enorme capacidade de realização e transformação. Tenha consciência das suas qualidades e competências e saiba que tem dentro de si todas as capacidades para vencer cada obstáculo. Todos os seres humanos se deparam com dificuldades, mas temos sempre duas escolhas: agir como vítima das situações ou transformar a dificuldade em motivação.
E além destas palavras que aqui escrevo, partilho também convosco duas alegorias que se propõe ajudar-vos a refletir sobre tudo isto que aqui falámos. Caso nunca tenha ouvido falar, a alegoria, ou a metáfora, é considerada uma história real ou fictícia, cuja finalidade é informar, educar, curar e fazer crescer. O objetivo da alegoria é despertar a atenção consciente da pessoa que escuta e suspender os seus mecanismos de defesa. Permita-se retirar uns minutos do seu tempo para escutar estes dois áudios que aqui partilho consigo.
Alegoria “Drago e o Menino”
Para quem deseja refletir sobre formas de enfrentar desafios e estimular autovalorização e autoconfiança.
Alegoria “Balboa, o Pirata das Caraíbas”
Para quem deseja refletir sobre os múltiplos recursos internos e estimular a realização do próprio potencial.
Lembrete: a possibilidade de recomeçar é a oportunidade de fazer algo novo e melhor. Nunca se arrependa do seu passado, em vez disso, tente apenas acolhê-lo como o mestre que ele é. Vire a página, escolha as personagens e o cenário. Agora é a sua vez de escrever a sua história. E eu estou aqui para si. Em conjunto podemos escolher qual a história que pretende começar a escrever. Permita-se recomeçar!
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Até breve.